FEUP revela presença na atmosfera de substâncias cancerígenas emitidas pelo tráfego automóvel

Escrito por CienciaPT
14-Jan-2009

Estudo recente da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto revela que o fumo dos automóveis pode provocar sérios riscos para a saúde pública. O risco de cancro está entre as principais preocupações. Os resultados finais serão apresentados esta quarta-feira em Lisboa, pelas 10 horas, na Fundação Calouste Gulbenkian, a entidade financiadora deste estudo.

Quatro anos de intensas medições em pontos estratégicos da área metropolitana do Porto permitiram à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) a realização de um estudo inovador sobre a influência do tráfego automóvel e do fumo do tabaco nas concentrações de partículas do ar e eventuais implicações no ser humano.

Coordenado por Conceição Alvim Ferraz – professora do Departamento de Engenharia Química da FEUP e especialista em Qualidade do Ar – este projecto científico tem resultados preocupantes no que toca à concentração de substâncias cancerígenas nas partículas respiráveis quer provenientes das emissões dos automóveis, quer provenientes do fumo do tabaco. Em ambos os casos se verifica um aumento (que atingiu 3500%) das substâncias cancerígenas nas partículas inaláveis, sobretudo nas de menores dimensões que são as que têm piores efeitos na Saúde.

De salientar ainda que os locais de referência onde decorreram as medições para o estudo da influência do fumo do tabaco (residências de não fumadores) evidenciou a presença de compostos cancerígenos nas partículas respiráveis com origem nas emissões do tráfego automóvel. Assim, alerta Conceição Alvim Ferraz, “a redução destas emissões deve ser obrigatoriamente considerada para defesa da saúde pública, tanto mais que o seu efeito no aumento percentual da concentração de compostos cancerígenos nas partículas respiráveis é ainda maior do que o associado ao fumo do tabaco, para além de que a sua presença faz parte da nossa vida quotidiana, já que todos nos deslocamos em ruas e artérias onde circulam automóveis”.

Elaborado em colaboração com o Instituto Superior de Engenharia (ISEP) este estudo aponta para a urgência de se estabelecerem limites nas concentrações de compostos tóxicos em partículas inaláveis de pequenas dimensões, presentes no ar interior e exterior dos edifícios. Recorde-se que nenhum país no mundo adoptou ainda legislação para proteger os cidadãos dos malefícios das emissões do tráfego automóvel, apesar de existirem já restrições quanto aos locais onde é permitido fumar.

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